A EXPERIÊNCIA ELETRIZANTE DA CONDUÇÃO DE VEÍCULOS ELÉTRICOS

A Experiência da condução de veículos elétricos

Elevada eficiência energética, entrega instantânea de potência e binário, ausência de poluição sonora, zero emissões poluentes. A condução de veículos elétricos é uma experiência eletrizante pela qual todos, desde cépticos a adeptos desta forma de mobilidade, deviam passar.

Tudo parece conjugar-se para que tenhamos um futuro cada vez mais eletrificado. Os veículos elétricos são a face mais pomposa do processo de transição energética para se chegar, primeiro, à neutralidade carbónica e, depois, ao net zero, juntamente com outras soluções que fazem o chamado mix energético. As estatísticas de vendas de veículos no nosso país revelam que a indústria automóvel está, cada vez mais, ligada à corrente.

Em julho de 2024, segundo a UVE (Associação de Utilizadores de Veículos Elétricos), que cita dados da ACAP (Associação Automóvel de Portugal), os ligeiros de passageiros 100% elétricos (BEV – Battery Electric Vehicle) revelaram um crescimento de 15,2% em relação ao mês homólogo do ano passado. Se juntarmos os híbridos plug-in (PHEV – Plug-in Hybrid Electric Vehicle), a quota de mercado foi a mais elevada do ano em curso: 39%.

Considerando todas as categorias de veículos, em julho de 2024, o share de modelos eletrificados foi de 25,6% (15,45% de 100% elétricos e 10,15% de híbridos plug-in), “o que demonstra que não são somente os ligeiros de passageiros elétricos que continuam a entrar no parque circulante, mas todo um leque de categorias de veículos que contribuem, favoravelmente, para a diminuição das emissões de Gases com Efeito de Estufa (GEE) e do ruído em zonas urbanas”, afirma a UVE.

De acordo com a mesma fonte, “no sétimo mês deste ano, foram matriculados, em Portugal, 8.106 veículos eletrificados, dos quais 4.944 disseram respeito a 100% elétricos e 3.162 a híbridos plug-in, considerando veículos novos e importados usados, em todas as categorias”. Mais: “Os veículos importados usados atingiram um novo recorde mensal, com 2.153 unidades matriculadas, das quais 1.351 foram 100% eléctricas e 802 híbridas plug-in”, dá conta a associação, em comunicado.

Diferenças entre elétricos e veículos a combustão

Há 14 anos que os veículos elétricos fazem parte do “léxico” do consumidor português, uma vez que 2010 foi considerado o “ano zero” da mobilidade eléctrica em Portugal. A rede MOBI.E desenvolveu-se, os locais para carregar viaturas aumentaram exponencialmente e os incentivos fiscais foram criados. Apareceram apps para consultar custos e estados de carga, e emergiram empresas que instalam pontos de carregamento em condomínios.

No seguimento de todas estas mudança, também a oferta de veículos elétricos tem vindo a aumentar, em Portugal. O lançamento deste tipo de propostas por parte dos fabricantes veio revolucionar não apenas o conceito de mobilidade, mas, também, a forma como os consumidores se relacionam com o próprio automóvel.

A opção por modelos sem emissões poluentes, por via da não utilização de combustíveis fósseis, e sem ruído de funcionamento pressupõe uma alteração dos hábitos de condução e uma maior consciência ambiental. Para mais, o preço da tecnologia e a autonomia das baterias são cada vez menos entraves.

Os veículos elétricos surgem perfeitamente integrados no habitat do parque automóvel nacional, diferindo, visualmente, dos modelos equipados com motores de combustão em cinco “pormenores”: logótipos, grelha do radiador fechada, tomada de carga (a sua localização varia consoante a marca e o modelo do carro), jantes com design que podem “esconder” os travões, e ausência de saídas de escape.

Por dentro, à excepção de algumas funções do menu do sistema de infoentretenimento, do visual do selector das “mudanças”, do painel de instrumentos, dos cabos de carregamento e, em alguns modelos, do piso de carga (plano) mais elevado, que afeta a capacidade da bagageira devido à presença das baterias na plataforma, os veículos elétricos são iguais aos modelos equipados com motores de combustão.

A partir do momento em que carrega no botão de ignição para ligar o veículo eléctrico, começam as diferenças. A primeira é, desde logo, a total ausência de ruído, que passa, depois, a um “silvo” agudo quando se inicia a marcha, intensificando-se à medida que se “afunda” o pedal do acelerador. E é, também, por isso que a experiência de condução de um veículo eléctrico é marcante.

A condução suave permite desfrutar do sistema de som instalado a bordo ou, simplesmente, apreciar a paisagem. Quanto mais delicado for o tratamento do pedal do acelerador, maior será a autonomia e menos sujeito ficará o condutor a multas por excesso de velocidade.

Veículos elétricos: Tudo pela eficiência

Regra geral, os veículos elétricos oferecem vários modos de condução que são seleccionáveis pelo condutor. “Eco”, “Normal” e “Sport” são os mais frequentes, mas podem existir mais em função da tipologia do modelo e das características do fabricante.

O modo “Eco” limita mais o pedal do acelerador para privilegiar a autonomia. O modo “Normal” consiste num compromisso entre os dois pratos da balança. Já o modo “Sport”, oferece toda a potência disponível sem limitações, colocando, neste caso, a autonomia em segundo plano.

Outra característica dos veículos elétricos é a travagem regenerativa, ou seja, os travões conseguem converter a energia cinética das rodas em energia eléctrica, que é armazenada nas baterias durante as fases de desaceleração e travagem. São vários os modelos que oferecem a possibilidade de seleccionar o nível de travagem regenerativa que se pretende, sendo que três traços correspondem ao mais intenso (assim que o condutor alivia o pedal do acelerador é “puxado” para a frente) e um traço ao grau menos severo.

A condução eficiente dos veículos elétricos está, também, intimamente relacionada com o seu elevado rendimento energético, fruto de evoluídas baterias de iões de lítio (a sua capacidade depende do número de células, que, por seu turno, dependem do espaço disponível na plataforma, em função da volumetria do veículo) e de pneus projectados, especificamente, para veículos elétricos, sendo estes, por norma, mais pesados.

Ninguém, certamente, esperará que um utilitário de vocação urbana ofereça a mesma autonomia de um SUV de sete lugares concebido para fazer viagens mais longas em família. Hoje, já existem veículos elétricos no mercado com autonomias superiores a 700 km a partir de um único ciclo de carga. E a maior parte deles está apto a receber carga rápida, ganhando várias dezenas de quilómetros de autonomia em cerca de 30 minutos.

Desengane-se quem pensa que os veículos elétricos, tenham eles tracção às duas ou às quatro rodas, não são capazes de oferecer um desempenho melhorado, típico de um desportivo equipado com um potente motor de combustão. Como os motores elétricos têm a capacidade de entregar, de forma instantânea, ou seja, logo a partir das zero rotações por minuto (0 rpm), toda a potência e binário disponíveis, a condução torna-se mais eficiente e capaz de colar as costas do condutor ao banco durante as acelerações.

E há mais: são vários os casos em que, mesmo não tendo o característico “roncar” dos motores de combustão – embora existam construtores que aplicam uma sonoridade diferente através dos altifalantes para resolver essa questão –, os veículos elétricos oferecem performances que envergonham muitos desportivos a gasolina e a gasóleo que por aí andam. A velocidade máxima dos veículos eléctricos é que representa num handicap, pois está sempre mais limitada na maioria dos modelos.

Se tudo o que leu nas linhas anteriores lhe agradou e ainda não experimentou um veículo eléctrico, não perca mais tempo e marque um test-drive com um modelo que seja do seu agrado. Certamente que irá passar por uma experiência eletrizante.

O planeta agradece e ficará agradavelmente surpreendido(a) quando fizer as contas ao custo por quilómetro e às despesas com a oficina. É que os veículos elétricos têm menos componentes mecânicos face aos modelos de combustão e os intervalos de manutenção são mais alargados.

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